Demanda por cana deverá aumentar nos próximos anos
08/03/2021 - 08:11h
“Nosso setor sucroenergético nunca esteve tão inserido e bem posicionado na agenda ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa) que está sendo discutida mundialmente”, afirmou Guilherme Nastari, diretor da Datagro, durante sua participação no Webmeeting Fermentec 2021/22 realizado na semana passada.
O consultor ressaltou que o RenovaBio deu início à quarta onda de expansão de cana no Brasil e apontou o sucesso do primeiro ano de negociações dos Créditos de Carbono (CBIOs), com a comercialização de mais de R$ 700 milhões. “É uma renda nova para a indústria e está promovendo a retomada de investimentos. Além disso, existe um potencial muito grande de curva de preço”, disse.
Nastari ressaltou que as comercializações dos CBIOs, hoje, estão na faixa de R$ 30,00, mas, em momentos de pico, chegaram a R$ 70,00, sendo que na California – EUA, a tonelada de carbono é transacionada a 200 dólares. Portanto, é um mercado promissor e importante para o Brasil, pois reforça o caixa das empresas, reafirma os acordos internacionais assumidos pelo país, como também, a preocupação em se tornar uma nação verde no futuro.
A geração de CBios atingiu 2,353 milhões em janeiro. Considerando o estoque inicial de 4,17% milhões de créditos, a oferta total de CBIos atingiu 6,529 milhões de toneladas até 1º de fevereiro, correspondendo a 26,3% da meta do RenovaBio para 2021. “Os preços de CBios permaneceram essencialmente estáveis desde o início do ano, pois os produtores ainda não parecem dispostos a ceder às negociações”, disse.
O consultor também falou sobre a recuperação sem precedentes no mercado de açúcar e etanol, com recordes históricos de preços do alimento e oportunidades para o biocombustível, com o valor do petróleo subindo, o que faz com que o Brasil tenha uma demanda marginal potencial para o etanol importante.
O diretor afirmou que o mercado de açúcar ampliou os ganhos com março de 2021, subindo para US$ 18,78 cts/lb. Além do preço mais alto do petróleo bruto, o mercado de açúcar bruto de NY encontra suporte na perspectiva das usinas do Centro-Sul do Brasil atrasarem o início da safra, além da perspectiva de que a produção de açúcar na Índia e da Tailândia, em 20/21, possa ficar abaixo do esperado.
Nastari afirmou que há espaço para que os preços do etanol continuem subindo pelo menos até o início da safra 2021/22 na região Centro-Sul, já que os valores da gasolina nas refinarias continuam bem abaixo do nível praticado no mercado internacional. Ele mostrou que o preço do etanol anidro em SP está 7,7% maior do que há um ano. No entanto, o preço do etanol hidratado está bastante em linha com o valor comercializado no ano anterior, com a desaceleração do consumo no mercado interno.
O consultor também adiantou algumas projeções da consultoria sobre a safra. No caso da temporada atual, a estimativa é que deve encerrar com produção de 660.09 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, sendo 607.09 milhões de toneladas processadas pelas usinas do Centro-Sul e 53 milhões de toneladas pela Região Nordeste.
A produção nacional de açúcar deverá ficar em 41.597 milhões de toneladas. Deste total, 38.517 milhões de toneladas serão produzidos pelo Centro-Sul e 3.080 milhões de toneladas pelo Nordeste. Quanto ao etanol, a consultoria estima que o volume produzido pelo Brasil totalizará 32.864 bilhões de litros, sendo 30.649 pelas unidades do Centro-Sul e 2.215 pelas do Nordeste.
Para a safra que se iniciará em abril, a consultoria estima menor quantidade de matéria-prima. “O desenvolvimento da cana está atrasado devido à seca enfrentada no último ano e continuam abaixo do esperado. Em algumas regiões foi registrado 10% a 20% a menos do esperado de chuva no mês”, explicou.
Assim, a previsão é que a moagem no Brasil atinja 641.00 milhões de toneladas, sendo 586.00 toneladas de cana processadas pelo Centro-Sul e 55 milhões de toneladas de cana pelo Nordeste. Com menor quantidade de matéria-prima, a produção de açúcar cairá para 39.800 milhões de toneladas (36.700 – CS e 3.100 – NE) e a de etanol para 31.802 bilhões de litros (29.4 bilhões – CS e 2.403 bilhões – NE)
Mesmo diante das dificuldades geradas com a pandemia, o consultor reforçou que o futuro é promissor para o setor e que o aumento da demanda de açúcar e a renovação do interesse pelo etanol impulsionarão a demanda futura por cana. “Embora a produção de açúcar precise crescer a um ritmo constante, o mercado brasileiro de etanol entrará em uma nova fase de crescimento impulsionada pelo RenovaBio”, disse.
Diante deste cenário, a Datagro projeta a participação no Brasil no mercado mundial de açúcar e estima que a produção de cana atinja 823 milhões de toneladas em 2030. Outros dados sobre a nova temporada serão informados na próxima semana no evento “Abertura de Safra cana, açúcar e etanol 2021/22”, que acontecerá nos dias 10 e 11 de março de 2021, de forma online. Participarão líderes de usinas, produtores e fornecedores de cana para debater novas tecnologias, riscos e tendências da Safra 2021/22.
fonte: JornalCana, escrita por Andréia Vital