Desemprego tende a crescer nos próximos meses, mesmo com reabertura da economia, mostra IBGE
24/07/2020 - 08:20h
Imagem: poungsaed_eco, de envatoelements
O número de desempregados no país aumentou 16,6% na virada de maio para junho, quando chegou a 11,8 milhões de pessoas. E, apesar da perspectiva de abertura da economia com consequente melhora na economia, a tendência é que o número de desocupados no país continue a crescer nos próximos meses, avaliam técnicos do IBGE responsáveis pela PNAD Covid-19, pesquisa mensal e semanal que medem os impactos da pandemia no mercado de trabalho.
De acordo com o diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, essa tendência de alta na taxa de desemprego (12,4% em junho) existe porque o número de novos postos de emprego nos próximos meses vai atenuar, mas não vai superar ou compensar o contingente que vai voltar a buscar empregos em um cenário sem isolamento social.
"O desemprego vai aumentar à medida que abrir o distanciamento social. Isso efetivamente vai acontecer. Teria de haver uma reação muito forte na geração de empregos para evitar isso", disse Azeredo.
Segundo as regras da Organização Internacional do Trabalho (OIT), pessoas que declaram não estar em busca de trabalho não devem ser consideradas desocupadas, mas sim um contingente fora da força de trabalho por razões de desalento (não conseguiu emprego por longo período e desistiu) ou por quaisquer razões, como licenças e principalmente, no cenário atual, o isolamento motivado pela covid-19.
Ante o fenômeno, especialistas têm reforçado a transferência automática de demitidos e desocupados para fora da força de trabalho como principal atenuante dos números oficiais do desemprego.
Segundo o IBGE, em junho, foram 17,8 milhões os brasileiros que não buscou trabalho por conta da pandemia ou por falta de trabalho na localidade, embora dissessem vontade de trabalhar.
"Boa parte dessas pessoas vai voltar a procurar trabalho com o fim da pandemia, mas eu não diria que todos. Muitos vão passar a alegar outros motivos para não buscar vagas. Observamos esse comportamento em outras pesquisas", afirma a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.
Quando consideradas as pessoas que, já em junho, apontaram outras razões para não buscarem emprego, o número de pessoas fora da força que dizem querer um trabalho sobe para 26,7 milhões.
"Se somamos isso com os 11,8 milhões de desocupados, temos aí uma subutilização [de mão de obra] de 38,5 milhões de pessoas. É um número muito grande, que está dado e pode se movimentar" nas estatísticas, diz Azeredo.
Com número crescente de desempregados e pessoas sem buscar emprego, mas querendo trabalhar, o país viu o nível da ocupação (razão entre ocupados e população em idade ativa) cair mais 0,6 ponto percentual (p.p.) na virada de maio para junho, quando chegou a 49%, o menor da série histórica do IBGE.
Apesar disso, ponderam, os pesquisadores, houve aumento significativo no número de empregados não afastados do trabalho (+3,2 milhões de pessoas), que superou o número de novos desocupados (+1,686 milhão). Assim, pelo menos no mês de junho, quando houve liberação parcial da circulação de pessoas e reabertura de negócios, o mercado de trabalho conseguiu absorver a maior parte das pessoas que estavam fora da força de trabalho e voltaram a buscar emprego.
fonte: Udop, com informações do Valor Investe (escrita por Gabriel Vasconcelos e Alessandra Saraiva)