Eólica alcança recorde em 2020, mas mundo ainda precisa dobrar capacidade para atingir metas climáticas
01/04/2021 - 08:34h
A indústria eólica global alcançou recorde de 93 GW de nova capacidade em 2020, mas o mundo precisa instalar, no mínimo, mais 180 GW a cada ano para evitar os impactos extremos das mudanças climáticas.
Dados são do Global Wind Report 2021, produzido pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, sigla em inglês).
Mesmo com o recorde observado no ano passado, o levantamento aponta que ainda estamos aquém do necessário para cumprir as metas climáticas.
Com o tema "O papel da energia eólica no caminho para emissões líquidas zero", o relatório analisa a tendência crescente de países e regiões de anunciar metas de zerar emissões, acompanhando também anúncios de grandes empresas e investidores no mesmo sentido.
"Em 2020, o crescimento recorde foi impulsionado por uma onda de instalações na China e nos Estados Unidos -- os dois maiores mercados de energia eólica do mundo -- que, juntos, instalaram quase 75% dos novos parques em 2020 e respondem por mais da metade da energia eólica total do mundo", diz o documento.
Os dois países promovem incentivos fiscais à fonte.
Destaques:
Em 2020, a indústria eólica global alcançou um aumento de 53% de capacidade em relação ao ano anterior, mostrando forte resiliência em relação ao COVID-19;
No mercado onshore foram instalados 86,9 GW, um aumento de 59% em relação a 2019;
Além da China e dos Estados Unidos, os cinco principais mercados eólicos onshore foram Brasil (2,30 GW), Noruega (1,53 GW) e Alemanha (1,43 GW);
No offshore, 2020 foi o segundo melhor ano da história, com 6,1 GW comissionados em todo o mundo. Metade da nova capacidade foi instalada pela China. Com isso, 4,8% da capacidade eólica está no offshore (35 GW);
A capacidade total de energia eólica foi para 743 GW, ajudando o mundo a evitar mais de 1,1 bilhão de toneladas de CO2 por ano -- o equivalente às emissões anuais de carbono da América do Sul, segundo estimativas da GWEC.
Apesar dos recordes, o relatório argumenta que a taxa atual de implantação de energia eólica não será suficiente para atingir a neutralidade de carbono até a metade deste século.
Para que o mundo consiga chegar ao mínimo de 180 GW de novas instalações de energia eólica a cada ano, indústria e legisladores precisam agir rapidamente para acelerar a implantação, diz o GWEC.
"No verão passado, um consórcio da Shell e da Eneco venceu a terceira licitação eólica offshore com subsídio zero na Holanda. Na América Latina, como a energia eólica já apresentava preços bastante competitivos, leilões privados ou PPAs bilaterais já surgiram como mecanismo alternativo aos leilões governamentais para impulsionar o crescimento", destaca o GWEC.
De acordo com a BloombergNEF, 6,5 GW de energia eólica foram assinados por meio de PPAs corporativos globalmente no ano passado, 29% a menos que no ano anterior.
"A burocracia e os sistemas antiquados de planejamento e autorização estão retardando a transição energética em todo o mundo. Portanto, o GWEC está defendendo que os formuladores de políticas adotem uma verdadeira abordagem de "Emergência Climática" para procedimentos administrativos e instituições", continua.
O conselho pede aos governos ações que garantam que os custos sociais da emissão de carbono sejam pagos e que o uso de energia poluente seja eliminado do sistema.
"A experiência da última década mostra que, uma vez que os governos deem sinais claros, a comunidade investidora tomará as decisões que forem necessárias", diz.
O GWEC também aposta que os planos de recuperação pós-pandemia seguirão um caminho mais "verde" e espera que os governos aumentem significativamente suas ambições e metas após a COP26.
Brasil
De acordo com o Global Wind Report 2021, nenhuma desaceleração significativa foi relatada na execução de projetos durante a pandemia no Brasil.
"O aumento significativo de novas instalações em 2020 foi vinculado a projetos em desenvolvimento por meio de PPAs privados, que estão aumentando rapidamente no Brasil devido aos preços muito competitivos da energia eólica, enquanto os leilões do governo desaceleraram nos últimos anos", diz.
O país adicionou 2,297 GW de capacidade com novas instalações em 2020, chegando a 17,750 GW.
A eólica é a segunda fonte de geração de energia elétrica no Brasil e, em dias de recorde, já chegou a atender até 17% do país durante todo o dia, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
A estimativa da associação é que, até 2024, o país terá cerca de 28 GW, considerando apenas os leilões já realizados.
Para Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica, esses números podem ser ainda maiores porque "não captam completamente o bom desempenho do mercado livre, que vai se somando a esses valores conforme os novos contratos vão sendo fechados", explica em nota.
fonte: Udop, com informações da Epbr