Falta de matéria-prima reduzirá produção de açúcar na safra 2021/22
12/03/2021 - 08:36h
A Datagro estima menor quantidade de matéria-prima para a safra 2021/22, que se iniciará oficialmente em abril. Assim, a previsão é que a moagem no Brasil atinja 641 milhões de toneladas – versus os 660 milhões da safra 20202021- sendo 586 milhões de toneladas de cana processadas pelo Centro-Sul e 55 milhões de toneladas de cana pelo Nordeste.
Com menor quantidade de matéria-prima, a produção de açúcar cairá para 39,80 milhões de toneladas (36,70 – CS e 3,10 – NE) ante 41,59 milhões de toneladas na temporada anterior (38,52 – CS e 3,08 – NE).
Já a produção de etanol foi estimada em 31,80 bilhões de litros (29,4 bilhões – CS e 2,40 bilhões – NE) versus 32,86 bilhões de litros no ciclo atual (30,65 – CS e 2,21 – NE). De acordo com a consultoria, a queda na produção do biocombustível só não será maior devido à produção de etanol de milho aumentar para 3,4 bilhões de litros. Na safra 2020/21 fechou em 2,75 bilhões.
Os dados foram apresentados hoje (10), durante a 5ª edição do Santander DATAGRO Abertura de Safra Cana, Açúcar e Etanol, pelo economista sênior e sócio da DATAGRO, Bruno Wanderley de Freitas. No primeiro painel do dia, Freitas trouxe o tema “Perspectivas para as safras 2021/22”, com a moderação do presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Pontes Cunha.
O economista contextualizou fatores que estão impactando o mercado sucroenergético, trazendo informações sobre o ambiente macro e o panorama climático e agronômico das regiões Centro-Sul e Norte/Nordeste do país. Freitas mostrou que a queda da demanda devido às medidas restritivas para mitigar o avanço da Covid-19 vem sendo levemente compensada pelo aumento do consumo em supermercados.
“Mesmo assim, não é suficiente para que o consumo de açúcar volte ao normal. Há expectativa de aumento da demanda no segundo semestre deste ano, a depender do avanço das vacinas contra o novo coronavírus e da recuperação econômica”, disse.
Ao dar um panorama climático para a safra, o consultor afirmou que o desenvolvimento da cana está atrasado devido ao déficit hídrico enfrentado no último ano, pelos inúmeros incêndios no período e também pelas chuvas abaixo do normal neste começo de 2021.
“À medida que as usinas começaram as safras nas regiões Norte e Nordeste, as safras ficaram bem abaixo do esperado, comprometendo especialmente os canaviais a serem colhidos no final dessa safra 20/21 na região”, explicou.
Na região Centro-Sul não foi diferente: “No Centro-Sul o clima também desperta algumas preocupações, com chuvas irregulares em janeiro e fevereiro e, ao que tudo indica, também em março, especialmente no estado de são Paulo, com chuvas e torno de 20% abaixo do esperado.
O profissional afirmou também que 80% da produção de açúcar já está travada e que por isso, o mix deverá continuar açucareiro, sendo que 46,5% da cana deverá ser destinada à produção do alimento.
O economista sênior da Datagro fez uma análise também sobre o mercado de CBios. “Estamos iniciando o ano de 2021 com estoque inicial de 4 milhões de CBios, temos uma oferta total de geração de CBios equivalente a 37% da meta para este ano. Os preços que já chegaram a bater um pouco mais de R$ 60,00 a tonelada de carbono, hoje estão sendo negociados em torno de R$ 30 a R$ 32 a tonelada”, ressaltou.
Freitas afirmou ainda que o consumo de combustíveis do ciclo Otto voltou ao normal em dezembro e os índices de consumo em janeiro não foram tão ruins. “Já no etanol, o final da entressafra na região Centro-Sul ficou marcado pela elevação dos preços”, concluiu.
No evento, especialistas também afirmaram que os preços do açúcar deverão continuar em margens confortáveis, com a expectativa de ligeiro déficit no mercado mundial na safra 2021/22.
De acordo com Ulysses Carvalho, da Sucden, os preços do açúcar têm registrado máximas históricas, o que endereça uma safra, no ciclo 2021/22, novamente mais açucareira. “De fato, o açúcar, assim como o etanol estão com boa remuneração”, ressaltou Maurício Sacramento, executivo de açúcar da Cofco.
Para Ivan Mello Filho, o avanço no controle da pandemia da Covid-19, em nível global, sinaliza que o mercado de açúcar possa registrar uma alta no consumo de aproximadamente 1,5%.
No que diz respeito às exportações brasileiras do adoçante, o sócio da Datagro Financial mencionou que a China deve permanecer com um dos grandes importadores nesta nova temporada.
fonte: JornalCana, escrita por Andréia Vital