Gestores sugerem soluções para impulsionar resultados na crise
07/08/2020 - 08:25h
Imagem: Gajus-Images, de envatoelements
Os desafios da safra de cana-de-açúcar foram potencializados com a pandemia da Covia-19, mas o setor sucroenergético mostrou mais uma vez sua resiliência e vem construindo uma temporada com bons resultados. O novo cenário impôs a implementação de medidas de prevenção, rotinas excepcionais e habilidades de colaboradores e gestores para manter a continuidade do negócio.
Neste contexto, o webinar “1º Encontro Alta Gestão de Usinas” realizado nesta quarta-feira (5), trouxe profissionais da alta gestão de grupos bem conceituados para debater e apresentar soluções para enfrentar os obstáculos que surgiram devido ao coronavírus.
O evento online, moderado pelo jornalista e diretor da ProCana Brasil, Josias Messias, faz parte da série Quarta Estratégica JornalCana e foi patrocinado pela HB Saúde — Humanização e Tecnologia em Saúde; pela Telog — Soluções logísticas integradas!; pela Pró-Usinas – Empresa do Grupo ProCana focada em tecnologia e inovação de resultados para as usinas e pela S-PAA Soteica – Software de RTO que maximiza a cogeração e a eficiência industrial, instalado em mais de 40 usinas e gerando ganhos superiores a R$ 1/TC.
Joel Soares, diretor de operações da Jalles Machado, foi categórico em dizer que a produtividade é que alavanca o crescimento de uma empresa ao longo prazo. Neste sentido, a inovação tecnológica e capacitação das pessoas são essenciais. “Acreditamos na inovação como fator importante para a busca da produtividade”, afirmou.
Soares comentou que a Jalles Machado completa 40 anos em 2020 e toda a trajetória e busca por conhecimento, por performance, pelo cuidado das pessoas, pela transparência no negócio, pela robustez financeira e tudo que fizeram até então, não ajuda a empresa a sobreviver mais 40 anos, se não apostarem em inovação, na pesquisa, no desenvolvimento e sobretudo nas pessoas.
A tecnologia tem contribuído e muito para a companhia mitigar os problemas de estar localizada em uma região de ambiente restritivo, com regime de chuvas bastante concentrado e solos rasos, que impactam a performance agrícola, entre outros desafios inerentes ao segmento.
Com o pico da pandemia agora enfrentado pelo Estado goiano, a Jalles segue firme, tendo já processado 51% da sua safra alicerçada pelos avanços tecnológicos investidos, como o caso das parcerias com empresas de telecomunicação para garantir a conectividade no campo. Hoje, o sistema, que cobre 70% de sua área agrícola, ganhou reforço com a instalação de uma torre para gestão agroindustriaI, que permite o monitoramento de todo maquinário no campo em tempo real, proporcionando maior produtividade do equipamento.
“Nós temos também parceria estratégica com organismos importantes de tecnologia e de inovação e pesquisa, como a Universidade Federal de Goiás, a Embrapa, o CTC, a Ridesa, o IAC e diversos fornecedores de insumo para o desenvolvimento de tecnologia para adequar o nosso ambiente de produção à nossa realidade”, explicou.
Assim, bem alinhados com a performance, o grupo tem conseguido produtividades de 103 toneladas de cana em uma unidade e 92 de toneladas na outra, com a expectativa de processar 5,3 milhões de toneladas nesta safra.
Julimar Clemente de Souza, diretor de operações agroindustriais do Grupo Usacucar (Usina Santa Terezinha-PR) reforçou que uma gestão eficaz é essencial para enfrentar ainda metade da safra atual e listou três desafios a serem superados.
Para ele, a área de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA) se tornou estratégica para a empresa, pois é sempre um desafio a ser enfrentado, não só nesta safra, mas em todas e a área precisa estar bem estruturada, com bons indicadores e atendendo às normais legais.
Ele explicou que as usinas têm custos fixos muitos altos, por exemplo, em média 75% dos custos fixos são da agrícola, já na área industrial ficam em torno de 95%. Assim, se tem na área agrícola uma condição de segurança que não está bem adequada acaba-se tendo muitos acidentes e em muitos casos, sobrecarregam a área de manutenção, fugindo do inicialmente planejado.
“Cada vez precisamos olhar pra dentro e fazer a lição de casa para ser mais competitivos. Como trabalhamos com commodities, nós somos tomadores de preços e não formadores de preço. Então, temos que lidar bem com o que está em nossas mãos e pensar que é preciso ter excelência operacional em alto nível, pois o custo fixo é muito significativo”, alerta ele se referindo aos custos fixos da companhia.
Souza ainda citou as pessoas e a transformação de liderança que o cenário atual exigiu, que vai além de atingir as metas, mas de ter um olhar mais humano para o negócio. “Há desafios em relação a questão da mídia e da velocidade das redes sociais. Além disso, há uma grande necessidade de manter seu pessoal de campo dentro de uma linguagem positiva, uma gestão que contemple a motivação, o engajamento e que arraste pelo bom exemplo, apesar das cobranças”, disse.
Neste sentido, Luiz Antônio Magazoni, diretor industrial da Usina São Domingos, de Catanduva/SP, também reforça que, em momentos de crise, as pessoas fazem a diferença e são fundamentais para a empresa conseguir resultados ou não.
A usina, que tem 66 anos, segue rodando com segurança e conquistando recordes nesta safra, apesar dos desafios causados pela pandemia. Com 70% do mix voltado para a produção de açúcar, a São Domingos, conseguiu bater o recorde histórico de produção da commodity ao esmagar com eficiência 13.840 toneladas de cana-de-açúcar por dia.
A cana processada também mostrou excelência, com ATR de 151,47 Kg/ton e 94 toneladas por hectares. Números que contribuirão para a moagem de 2,640 milhões de toneladas nesta temporada, o que significa esmagar cana com toda capacidade instalada de moagem.
Para conseguir esses resultados, foi preciso mudar as práticas agrícolas, para garantir a produtividade, mantendo a eficiência e de olho nos custos fixos, que são altíssimos. “Temos que aumentar a moagem para diluir os custos e estamos conseguindo”, afirmou, comentando “Com as condições de liquidez em que estão os produtos precisamos manter nossos orçamentos em dia, segurando os custos e fazendo um acompanhamento direto nos gastos da usina”, explica.
Para Raul Guaragna, diretor agroindustrial da Tereos, o desafio no cenário de pandemia foi garantir a continuidade da atividade, pilotando a volatilidade que o setor tem, ser ágil e estar alinhado com o negócio, sem esquecer a responsabilidade social que uma usina tem. “Não adianta ficar preso no seu indicador e procurar alcançar a sua meta quando, na verdade, o que importa é o produto que o mercado precisa e na qualidade que precisa”, disse.
Segundo ele, a Tereos avança para superar os desafios agroindustriais da safra 2020/21, investindo em inovações que podem sustentar a programação estipulada, manter a competitividades de suas usinas e superar resultados, além de reduzir os custos.
O grupo vai moer mais de 20 milhões de toneladas nesta temporada e já está com mais de 60% da safra realizada, sem tirar o olho da gestão do capex, garantindo investimentos e visando o futuro.
Segundo ele, o pior que um gestor pode fazer em uma crise como esta é vender o futuro para garantir o presente.
“O segmento é de longo prazo, nosso negócio tem um capital empregado altíssimo, muito investimento, emprega muita gente. Não dá para você viver um ano após o outro. Tem que pensar para frente, por exemplo, investimos no plantio de meiose e já negociamos todos os itens mais críticos da manutenção de entressafra, visando diminuir os custos”, explicou.
fonte: JornalCana, escrita por Andréia Vital