La Niña deve piorar irregularidades das chuvas no Paraná e frio chega mais cedo: produção do milho safrinha em risco
12/05/2020 - 08:12h
Imagem: Banco de Imagens
A irregularidade das chuvas traz grandes problemas ao produtor rural do sul do país e, após gerar perdas expressivas para a safra de soja 2020/21 no Rio Grande do Sul, a preocupação agora é com a produção do milho safrinha no Paraná. Segundo Luiz Renato Lazinski, agrometeorologista, os modelos climáticos não indicam uma mudança para o segundo semestre, apontam a atuação de um La Niña e o frio também chegando mais cedo esse ano.
Produtores do Paraná enfrentam grandes problemas com a estiagem no desenvolvimento do milho safrinha neste momento, mas Lazinski destaca que o baixo volume de chuva para toda a região é uma condição que vem acontecendo desde o ano passado. "A seca vem se agravando durante os meses e tivemos poucos com chuvas acima ou dentro da média em 2019", comenta o especialista.
Destaca ainda que o ano é considerado um ano de neutralidade climática e que por si só essa condição já pode gerar grandes impactos ao produtor como, por exemplo, o atraso no plantio da soja e que, consequentemente, também atrasou outras culturas. "Desde que começou o Verão as chuvas acontecem de maneira atípica: com passagem muito rápida e mostrando irregularidade", afirma. Confirma ainda que a irregularidade também é característico do ano neutro.
Os modelos de precipitação acumulada do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que a parte sul do Brasil quase não recebeu chuvas expressivas nos últimos 90 dias. Segundo os modelos, enquanto o Centro-Norte tem precipitação acima de 300 milímetros, os três estados mais baixos não ultrapassaram os 200 milímetros nos últimos três meses.
De acordo com o meteorologista, as condições acontecem por que há um bloqueio na atmosfera que impede a umidade da Amazônia desça e favoreça as condições de chuvas, além disso as águas do oceano estão mais quentes e também fazem com que os ventos mudem a direção dos sistemas de chuva.
Daqui pra frente, segundo o especialista, começa a se desenhar um retorno de um La Niña, que favorece as chuvas no Norte e Nordeste do país, mantendo a irregularidade das chuvas no Centro-Sul do Brasil. Os modelos apontam ainda que o fenômeno deve passar a atuar com mais intensidade no segundo semestre de 2020. "Não é que não chova, vai chover, mas é aquela história, ainda acontece muito irregular e o padrão não deve mudar", afirma Lazinski.
Os modelos do Inmet começam a apontar novas chuvas para a região Sul nos próximos dias, mas de novo de maneira muito rápido e sem atingir todo o estado. "Quando você tem uma frente fria típica ela passa, fica um ou dois dias nublados e chovendo, mas desde o Verão elas têm uma passagem muita rápida, como aconteceu no Rio Grande do Sul, e muito irregulares", destaca.
Quanto às temperaturas, a primeira geada do ano foi registrada na madrugada do dia 16 de abril, em uma plantação de feijão, mostrando que o frio chegou ainda mais cedo em 2020. Na semana passada, os três estados que compõem a região sul do Brasil tiveram novos episódios de frio intenso no início das manhãs e a expectativa, segundo Lazinski, é que as ondas de frio sejam ainda mais intensas neste ano.
Segundo Elmar Floss, doutor em Agronomia, especialista em fisiologia e nutrição de plantas, no caso de Santa Catarina e Paraná, os milhos que foram plantados mais cedo e que sofreram com a irregularidades de chuvas não terão nenhum alívio e as perdas nos dois estados, para esses casos, podem ser consideradas consolidadas. Nesta fase de desenvolvimento a planta precisa de, pelo menos, cerca de 7 milímetros de água por dia. "Ainda há déficit no Mato Grosso do Sul e Paraná. Essa chuva ameniza, mas não resolve, precisamos de mais lá na frente", destaca.
Fonte: Udop, com informações do Notícias Agrícolas (escrita por Virgínia Alves)