Ministro da Saúde prevê país só terá vacina certificada pela Anvisa em fevereiro
09/12/2020 - 08:05h
Imagem: choreograph, de envatoelements
Em reunião com governadores, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, previu nesta terça-feira que as primeiras vacinas contra o coronavírus só serão certificadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em fevereiro.
A afirmação se choca com os planos do governador de São Paulo, João Doria, que anunciou o início da vacinação em São Paulo para 25 de janeiro, aniversário da capital paulista. A Sinovac, produzida em parceria entre o governo do Estado e a farmacêutica chinesa Sinovac, está na fase 3 de testes, a última etapa antes do pedido de registro.
Pazuello, entretanto, afirmou que a agência demora no mínimo 60 dias para fazer o trabalho de certificação. Segundo ele, com isso, os pedidos de registro que chegarem em dezembro só devem ser ratificados em fevereiro.
Isso vale, segundo Pazuello, para qualquer vacina, inclusive a que está sendo desenvolvida pela AstraZeneca e com a qual o governo federal tem um acordo de transferência de tecnologia por meio da Fiocruz.
"A AstraZeneca está concluindo a fase 3, outras vacinas estão terminando o processo para submeter a fase três para a Anvisa, para registro. Qual é a previsão de isso ser encaminhado pela Anvisa, pelos nossos contados? Até o final de dezembro", disse Pazuello, segundo áudio vazado por um dos participantes, ao qual o Valor teve acesso. "E a Anvisa, dentro da sua responsabiliadde para analisar o registro dessas vacinas, vai precisar de um tempo para cumprir essa missão. E esse tempo, pelo que nos foi colocado, gira próximo a 60 dias. Podendo ser menos, um pouco."
Segundo Pazuello, "se isso acontecer, nós só vamos ter o registro definitivo da Astra Zeneca no final de fevereiro, mesmo que tenham chegado as 15 milhões de dose em janeiro".
Pelo acordo firmado entre o governo federal e a AstraZeneca, o país adquiriu 100 milhões de doses da vacina, ao preço de US$ 3,75 a dose. Os imunizantes começam a chegar em janeiro, com 15 milhões de doses, até junho. No segundo semestre, chegam matérias-primas suficientes para produzir outras 160 milhões de doses, que serão concluídas em solo brasileiro. Cada pessoa precisará de duas doses da vacina para ficar imunizada, segundo o ministro
"A Anvisa vai trabalhar dentro dos critérios técnicos, ela vai fazer o mais rápido possível", disse Pazuello. "Mas nós temos que agradecer em muito a nossa agência reguladora, que é quem nos protege."
O ministro afirmou ainda que o governo comprará qualquer vacina que possuir eficácia e obtiver o registro da Anvisa, "se houver necessidade".
"Quando e se os registros estiverem prontos, havendo necessidade, isso entra na pauta da contratação", afirmou. "Não só essa ou aquela. Todas as vacinas que possuírem eficácia e estiverem o registro de forma correta, por que não adquirir? O presidente já disse isso aí. O resto faz parte da discussão do dia a dia do nosso país."
fonte: Udop, com informações do Valor Investe (escrita por Fabio Murakawa)