Quanta cana de fornecedores as usinas estão usando atualmente
22/09/2020 - 08:34h
Imagem: Prostock-studio, de envatoelements
A relação entre a usina de cana e o fornecedor é um dos elos mais importantes do setor sucroenergético. Atualmente, a Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) estima que 20% da cana processada é produzida por fornecedores. Nesse sentido, a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana) informa número parecido, 23%. A entidade também comunica que em Pernambuco a média é de 46% e, em Alagoas, cerca de 30%.
O relacionamento entre fornecedores e usinas de cana já teve momentos conturbados e ainda possuí alguns ruídos. Um impasse atual, por exemplo, acontece devido a um advento importante no setor sucroenergético: o Renovabio. Isso, porque a lei do Programa de Descarbonização não incluiu os canavieiros independentes com direitos a receberem o Crédito de Descarbonização (CBios). Agora, os deputados podem mudar isso, com o Projeto de Lei (PL 3149) apresentado dia 6/9 na Câmara Federal.
O que defendem os canavieiros independentes?
Alexandre Lima, presidente da Feplana explica o que a proposta defende. “É no campo que fundamentalmente ocorre o maior sequestro de carbono. Portanto, os 30% da cana moída fornecida por produtores também devem ganhar”. Após defesa da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), com apoio da Unida (produtores do Nordeste), o instrumento agora apresentado pode acabar com a exclusão.
O presidente da entidade de classe, que conta atualmente com 60 mil produtores, complementa dizendo que a aprovação no Congresso evita conflitos de interesses: “Se a produção da usina é 50% açúcar e 50% etanol, por exemplo, ela receberá CBios relativos ao etanol e a partilha desse crédito de descarbonização terá que, proporcionalmente, levar em conta a matéria-prima do produtor independente”, reitera Lima.
De todo modo, esse ano trouxe bons números para aos fornecedores. O Consecana (SP) é um exemplo. Responsável por estabelecer a remuneração dos produtores, o órgão regulador definiu, em maio deste 2020, o preço médio do quilo de ATR fechado em R$ 0,70. Isso, foi considerado como uma boa notícia para os produtores independentes um indício de um ano que pode terminar mais rentável do que os anteriores. Além disso, o Consecana, atualmente presidido por Christina Pacheco, segue trabalhando para que a relação com as usinas seja cada vez mais saudável para ambos os lados.
Mas, o que as usinas estão fazendo para aperfeiçoar o relacionamento com os fornecedores?
A princípio, é preciso destacar que a relação entre as usinas de cana e os fornecedores melhora cada vez mais. Isso, porque tanto usinas, quanto fornecedores, perceberam que precisam de cooperação mútua para aumentar a produtividade e longevidade do canavial. Assim como essa parceria impulsiona a competitividade da usina, que rentabiliza mais e a reboque pode remunerar melhor os fornecedores. Além disso, tudo o que envolve a sustentabilidade sócio-ambiental parte também deste elo entre usina e fornecedor de cana. Para justificar essa afirmação podemos citar três casos interessantes de grupos do setor que não medem esforços para aprimorar seus relacionamentos com os fornecedores. São práticas que demonstram que os grupos enxergam os fornecedores como um elo fundamental da cadeia sucroenergética.
Nesse sentido, temos a seguir os exemplos dos grupos Coruripe, Raízen e Zilor, que através de ações relevantes sinalizam positivamente para a necessidade de estreitar o relacionamento com os fornecedores de cana e profissionalizar cada vez mais essa integração.
Coruripe trabalha para aumentar produtividade e renda de seus fornecedores
Na Coruripe, em Campo Florido, MG, é que na unidade 100% da cana processada vem dos fornecedores. Modelo que foi implantado após a inauguração da unidade e seguiu até 2008. Devido a crise que atingiu o setor, diversos produtores entregaram seus canaviais para a usina. Mas em 2015 a unidade repassou seus 30% de área própria cultivada para produtores da região.
Desde maio desse ano, a companhia que conta com Marcos Jorgi como diretor agrícola do grupo, trabalha em um programa de eficiência, que busca garantir aproximadamente R$ 90 milhões em economia, bem como em frentes inovadoras na gestão de fornecedores de cana e automação de processos corporativos.
Iniciativa da Raízen procura garantir os melhores tratos e investimentos no canavial
O Programa Cultivar, da Raízen, chegou à sua 5ª edição, este ano. Realizado em formato digital, o encontro reuniu e promoveu a interação dos fornecedores participantes com parceiros do programa, além de lideranças da companhia.
Do mesmo modo, o Cultivar reúne um grupo de cerca de 320 fornecedores, o que representa cerca de 80% do volume de cana adquirida pela empresa. Assim também, a iniciativa oferece vários benefícios aos fornecedores. Da mesma forma, há produtos e serviços focados em quatro frentes principais: aumento de produtividade, benefícios financeiros, eficiência e gestão e relacionamentos sustentáveis.
“Ao longo desses cinco anos que atuamos com o Programa Cultivar. Nisso, a Raízen já apoiou centenas de fornecedores de cana. Durante esse período, transformamos o programa em uma ferramenta fundamental de geração de valor para toda a cadeia, que impacta diretamente os negócios de quem fornece e também de quem adquire, pois, ao contribuir em todas as frentes na qual o programa atua impactamos positivamente a eficiência e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro”, afirma Ricardo Berni, diretor de Negócios Agrícolas da Raízen.
Zilor trabalha para aperfeiçoar sua parceria com fornecedores de cana
Primeiramente, a Zilor acredita que em momentos de crise é preciso estar mais próximos de todos os que são parte da cadeia produtiva. Nesse sentido, o grupo efetivamente reconhecer a seriedade e o trabalho de seus fornecedores de cana. Ao passo que a produtividade é o que os diferencia. A Zilor conta atualmente com 100% de cana de terceiros e ressalta que há esforços de ambos os lados para preservar o futuro. Do mesmo modo a companhia que conta com Luiz Scartelini como diretor agroindustrial segue investindo na valorização de seus fornecedores.
fonte: JornalCana, escrita por Alessandro Reis