Tombo no PIB pode chegar a 8,6% em 2020, diz Genial Investimentos
08/05/2020 - 08:16h
Imagem: Banco de Imagens
Impactos econômicos mais severos do que o esperado da pandemia de covid-19 em março e abril levaram a Genial Investimentos a aprofundar a projeção de queda para a economia brasileira em 2020.
No cenário-base da corretora, a estimativa para a redução do Produto Interno Bruto (PIB) passou de 3,2% a 5,4%. A retração, no entanto, pode chegar a 8,6% numa hipótese pessimista.
Em relatório divulgado hoje, os economistas José Márcio Camargo, Tiago Tristão e Eduardo Ferman afirmam que foi necessário reavaliar o cenário econômico, devido à extensão das políticas de isolamento social no país e aos novos dados econômicos publicados recentemente.
O baque na atividade provocado pelo novo coronavírus foi maior porque a curva de contaminação mostrou aumento mais substancial do que o estimado, apontam eles, o que obrigou autoridades a estender as medidas de quarentena.
"Reavaliamos os três cenários (otimista, base e pessimista) expandindo o período de políticas de confinamento", explica a equipe econômica da Genial.
Os três economistas destacam que, a partir de 23 de abril --- 41º dia após o primeiro caso --- o ritmo de alta diário de pessoas infectadas no Brasil passou a ficar "sistematicamente acima" da taxa média de quatro países europeus: Itália, Espanha, Alemanha e França. Com a piora, as medidas de restrição à mobilidade precisaram ser estendidas, como de fato foi feito nos Estados de São Paulo e no Rio.
No cenário mais otimista da plataforma de investimentos, que projeta queda de 3,3% para o PIB em 2020, o isolamento social dura cerca de 50 dias no total, e começa a ser relaxado de forma uniforme no país a partir da segunda semana de maio. Nele, a economia cresce 2,5% em 2021.
Já no cenário oficial, que conta com cerca de 60 dias de isolamento e afrouxamento a partir do fim do mês atual, o PIB cai 5,4% este ano e sobe 2% no próximo. Por fim, o cenário pessimista, que prevê redução de 8,6% e 0,5% em 2020 e 2021, respectivamente, assume que o país começa a sair da quarentena na segunda semana de junho, totalizando entre 70 e 80 dias de confinamento.
Dentro do cenário-base, a economia deve recuar 5,1% entre o quarto trimestre de 2019 e o primeiro de 2020, feitos os ajustes sazonais, calculam os economistas da Genial. No segundo trimestre, quando as medidas de confinamento devem ter efeito negativo mais forte sobre a atividade, a expectativa é de redução de 10,8% do PIB ante os três meses anteriores.
A corretora espera que a taxa de desemprego suba a 15,4% na média de 2020, na série dessazonalizada. Já a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar em 1,9% em 2020 --- abaixo, portanto, do piso da meta, de 2,5%. A previsão anterior era de alta de 2,3%.
Selic
"Após o surto de covid-19 a economia brasileira necessitará de um nível de afrouxamento monetário bem mais intenso do que o que vimos no passado recente", ressaltam os economistas da Genial, para quem a Selic terminará 2020 em 2,5% ao ano. Em 2021, a taxa básica de juros deve subir a 3,25% anuais.
"Como o país tem capacidade fiscal limitada, a política monetária se torna decisiva na retomada pós-surto", observa a equipe econômica da corretora. "Sob nossa projeção de taxa básica, teremos juro real ex-ante (12 meses à frente) ao redor de 1% em 2020, em média."
fonte: Udop, com informações do Valor Investe (escrita por Arícia Martins)