Açúcar: Safras do Hemisfério Norte devem pressionar preços em Nova York
31/10/2022 - 08:11h
A retomada dos fluxos comerciais de países do Hemisfério Norte deve pressionar os futuros de açúcar demerara a partir de novembro na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), afirma a HedgePoint Global Markets, em relatório. Até lá, caso não haja nenhum outro evento relevante, o período de escassez de oferta deve continuar sustentando as cotações.
“Como há açúcar para sair da Índia e da Tailândia, o atraso no início da safra indiana pode arrastar o início da correção até novembro”, pondera a analista de Açúcar e Etanol da companhia, Lívea Coda. Ela ressalta que a Índia é o principal exportador nesta época do ano, junto com o Brasil, e o mercado internacional terá de pagar sua paridade de exportação, que hoje está em torno de 18 centavos de dólar por libra-peso. “Portanto, há espaço para correção”, reforça.
Embora o mercado esperasse um alívio de preços com a safra brasileira 2022/23, que iniciou em abril, as agitações no complexo energético deram um apoio adicional aos preços do adoçante, que já estavam altos com a quebra da safra passada.
Em abril e junho de 2022, os preços do açúcar demerara ficaram em torno de 19,20 cents por libra-peso. Apesar da correção com as mudanças no regime de impostos do governo brasileiro, os preços voltaram para a média de 18,20 cents por libra-peso, que ainda está acima dos anos em que o Brasil não apresentava problemas de disponibilidade, diz a HedgePoint.
O ajuste também foi momentâneo. Coda lembra que as notícias, neste mês, sobre as chuvas, que atrapalham a moagem de fim de safra do Centro-Sul e atrasam o início da safra da Índia, deram outro fôlego ao adoçante. Desde o início do mês de outubro, a média de preço subiu para 18,5 cents por libra-peso.
Segundo o relatório, os fluxos comerciais ficarão ainda mais confortáveis e em linha com o superávit esperado para a safra global 2022/23 a partir de abril, quando pode ocorrer outra pressão baixista nos contratos.
“A tendência baixista pode ganhar ainda mais força à medida que nos aproximamos do início da safra 2023/24 do Brasil, em abril”, afirma a especialista. Entretanto, pontua Coda, para que a baixa se concretize, os preços do etanol e a política tributária no País devem permanecer inalterados ou então o mix pode variar (Broadcast, 28/10/22)