Alta no custo de produção de milho leva agricultores a adotarem novas estratégias
10/05/2022 - 14:09h
Antecipação na compra de insumos para a próxima safra e investimento em defensivos biológicos estão entre as ações para reduzir os gastos
A colheita do milho na propriedade de Josuel de Moraes, em Araçoiaba da Serra (SP), está prevista para o final de agosto. A média produtiva da lavoura está estimada em 140 sacas por hectare. Mas, para melhorar a margem de lucro, foi preciso ajustar as contas.
Os insumos utilizados na lavoura do produtor foram negociados à vista no final de janeiro, com a renda da soja que foi colhida. Mesmo assim, os produtos ficaram 50% mais caros que em 2021. Outra estratégia para reduzir o custo de produção foi diminuir a dosagem de adubação. A quantidade aplicada este ano foi 30% menor que na safra passada.
Para equilibrar ainda mais as despesas, o produtor Josuel de Moraes apostou no uso de defensivos biológicos, onde ele projeta uma economia de 80%. Outra estratégia foi investir em culturas de inverno. Com a boa rentabilidade do trigo no mercado, o plantio do cereal deve iniciar na próxima semana.
Na propriedade de Marcelo Góes, em Itapetininga (SP), a situação com o custo de produção não foi diferente. Assim que colher o milho segunda safra, ele já deve entrar com a soja. Os insumos foram comprados de forma antecipada, em novembro do ano passado. Só faltou o fertilizante, que foi adquirido de forma antecipada após a invasão na Ucrânia.
Mesmo adquirindo os produtos com antecedência, foi observada uma alta de 180% no preço do fertilizante na comparação com 2021. Mas não foi só o adubo que subiu. O último levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, mostra que no comparativo da safra de soja 2021/22 com 2022/23, o preço do herbicida subiu 189%. O fertilizante registrou alta de 96%, e o custo operacional efetivo aumentou 49%.
Segundo o pesquisador do Cepea, Mauro Osaki, a projeção é que o custo para produzir soja passe de 36 para 41 sacas por hectare.
Diante das incertezas no mercado internacional, a oscilação do dólar preocupa, e mesmo com a queda da moeda norte-americana, os preços dos insumos não devem recuar.
A preocupação do setor é que o cenário prejudique a atividade e reflita em toda a cadeia produtiva. A Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) acredita que não irá faltar fertilizantes no mercado, mas a alta dos preços pode provocar aumento dos alimentos.
Flávia Macedo
Fonte: novacana.com