Bolsa tem maior alta diária desde novembro; dólar cai a R$ 5,141
09/03/2023 - 13:40h
Ibovespa recupera boa parte das perdas acumuladas nos últimos dias, com analistas falando em possível queda de juros.
A Bolsa fechou em alta nesta quarta-feira (8), com o melhor desempenho diário dos últimos meses, enquanto o dólar teve queda. O ambiente local é o grande foco dos investidores, que estão otimistas com o novo arcabouço fiscal, e seus efeitos na taxa de juros brasileira.
O Ibovespa encerrou o pregão com alta de 2,22%, a 106.540 pontos. É o melhor desempenho diário do índice desde 11 de novembro de 2022, quando a alta foi de 2,26%. Naquele dia, o avanço foi impulsionado pela ação da Vale, que subiu mais de 10%.
O dólar comercial à vista fechou em baixa de 1,02%, a R$ 5,141. É a menor cotação de fechamento para o câmbio desde 23 de fevereiro.
A perspectiva sobre os efeitos positivos do novo arcabouço fiscal aparece também no mercado de juros. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 caíram dos 13,20% do fechamento desta terça-feira (7) para 13,08%. No vencimento em janeiro de 2025, a taxa recuou de 12,62% para 12,37%. Para janeiro de 2027, os juros passaram de 12,99% para 12,76%.
O mercado começa a antecipar os possíveis efeitos de um novo arcabouço fiscal construído pelo governo, com a participação do Banco Central. Segundo analistas, nestas bases, é possível que a autoridade monetária consiga antecipar o início do ciclo de corte nos juros.
Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, afirma que a aproximação entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, pode trazer resultados muito rápidos.
"Há a expectativa de que o novo arcabouço fiscal seja apresentado ainda este mês, antes da próxima reunião do BC para definir os juros. Isso abre a possibilidade de haver um corte na Selic já neste encontro do final de março", afirma Luivez.
A perspectiva de corte de juros no Brasil ainda este ano também está no cenário traçado pelo Bank of America. Em relatório, os analistas comparam os potenciais dos mercados brasileiro e mexicano, e quando se trata de ações, preferem o Ibovespa.
"O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil deve desacelerar em 2023, com uma situação mais difícil no mercado de crédito. Com a inflação mais controlada, o Banco Central deve começar a cortar juros", escrevem os analistas Claudio Irigoyen e Anne Milne, do BofA.
Para os analistas, o corte de juros devem começar mais cedo no Brasil, que levará a um aumento no fluxo de recursos para a Bolsa.
"Isso dá um alívio para as curvas de juros, o que beneficia o setor de varejo. Com isso, vemos empresas do setor subindo", afirma Rodrigo Cohen, analista e co-fundador da Escola de Investimentos. Ele cita o reforço dado pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, de que o novo arcabouço fiscal sai ainda este mês.
A equipe de análise da Guide Investimentos aponta que as quedas dos últimos dias serviram de incentivo aos investidores, favorecendo um ajuste técnico no Ibovespa.
No setor de varejo, a ação ordinária da Petz foi destaque, com alta de 9,19%. O papel ordinário do Grupo SOMA, dono da marca de roupas Hering, subiu 8,06%. A ação ordinária da Lojas Renner avançou 7,46%, e a do Magazine Luiza fechou com alta de 6,52%.
Destaque também para o setor de educação. A ação ordinária da YDUQS teve a maior alta do Ibovespa, com 12,17%. A ordinária da Cogna fechou o dia com avanço de 8,91%.
O Ministério da Educação publicou nesta quarta-feira portaria criando o grupo de trabalho para promover estudos técnicos relacionados ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que deve passar por modificações em breve, o que apoiava as ações de ensino superior na B3.
Na visão dos analistas Leandro Bastos e Renan Prata, do Citi, um "empurrão mais ousado em um 'novo Fies'" continua sendo o principal risco de alta para as ações de ensino superior no Brasil no curto prazo.
Em Nova York, os índices oscilaram bastante durante o dia, e fecharam com tendência mais positiva. Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), falou nesta quarta aos deputados no Congresso. Seu discurso ficou mais concentrado na necessidade do aumento do teto de endividamento dos Estados Unidos, que ele afirma ser "a única solução" fiscal para o país neste momento.
Sobre a taxa de juros, o presidente do Fed não deu muitas pistas. "Ainda não tomamos nenhuma decisão sobre a reunião de março, não faremos isso até vermos os dados adicionais" que virão entre agora e a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de 21 a 22 de março.
As vagas de emprego em aberto nos Estados Unidos caíram menos do que o esperado em janeiro, e os dados para o mês anterior foram revisados para cima.
As vagas de emprego disponíveis, uma medida da demanda por trabalhadores, diminuíram em 410 mil, para 10,8 milhões no último dia de janeiro, disse nesta quarta-feira o Departamento do Trabalho em sua pesquisa mensal sobre aberturas de empregos e rotatividade, conhecida como relatório JOLTS.
Os dados de dezembro foram revisados para 11,2 milhões de vagas de trabalho em vez dos 11,0 milhões informados anteriormente.
O índice Dow Jones fechou em baixa de 0,18%. O S&P 500 encerrou com alta de 0,14%. O índice Nasdaq fechou com avanço de 0,40% (Folha de S.Paulo com Reuters, 9/3/23)