Bolsa vai a 115 mil pontos e dólar chega a R$ 5,2530
19/10/2022 - 09:16h
Ações da empresa de cosméticos saltam com estudo de IPO da marca Aesop.
Investidores do mercado financeiro brasileiro acompanharam nesta terça-feira (18) o clima otimista no exterior provocado por balanços trimestrais de grandes bancos americanos, que vieram melhores do que o esperado.
O Ibovespa fechou em alta de 1,87%, aos 115.743 pontos. O indicador de referência da Bolsa de Valores brasileira retomou a casa do 115 mil pontos uma semana depois de ter perdido essa marca. No mercado de câmbio, o dólar comercial à vista recuou 0,90%, cotado a R$ 5,2530 na venda.
Além do ambiente favorável no exterior, negócios locais também impulsionaram a Bolsa. O destaque foi a alta de 9,62% das ações da Natura, um dia após a companhia ter anunciado estudos para uma oferta inicial das ações de uma das empresas do grupo, a marca australiana de cosméticos de luxo Aesop. Na máxima do dia, os papéis subiram 18%.
A Natura ainda acumula queda de 44% em 2022, enquanto o resultado do Ibovespa neste ano é positivo em 10,42%.
"O anúncio é positivo, já que possibilitaria um destravamento de valor para a companhia, tendo em vista que a Aesop foi a marca que apresentou os melhores resultados nos últimos trimestres, destoando das outras unidades, crescendo consistentemente e apresentando uma boa rentabilidade", comentou Marcus Labarthe, sócio da GT Capital.
Do lado negativo dos negócios, a Oi caiu ao menor preço da história. "As ações ordinárias e preferenciais da operadora de telefonia Oi atingiram os menores preços de sua história, após a empresa anunciar um grupamento, ou fusão, de seus papéis, hoje negociados por menos de R$ 1. A ação ordinária da Oi chegou a ser negociada a R$ 0,31", descreveu Labarthe. O papel fechou o dia valendo R$ 0,32.
Com isso, 50 ações ordinárias (OIBR3) e 50 ações preferenciais (OIBR4) serão transformadas em uma ação cada. Dessa forma, o capital social da Oi passará a ser dividido por cerca de 132 milhões de ações, e não mais 6,6 bilhões de ações.
Apesar do dia movimentado no mercado local, investidores domésticos se concentraram em enxergar no exterior justificativas para suas decisões de negócios diante das incertezas no cenário interno com o acirramento da corrida eleitoral e de eventuais instabilidades que um resultado apertado nas urnas poderá provocar.
"A partir do momento em que o mercado entendeu, através das pesquisas, que a maior probabilidade para as eleições no Brasil é um resultado apertado no segundo turno, a operação passou a ter uma correlação mais forte com o exterior", comentou Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group.
Em Nova York, o indicador parâmetro da Bolsa, o S&P 500, fechou com ganho de 1,14%. Os índices Dow Jones e Nasdaq avançaram 1,12% e 0,90%, respectivamente.
"Com a agenda relativamente vazia para o dia de hoje, os resultados dos grandes bancos americanos, em grande parte, melhor que o esperado, parecem ter animado os mercados no curto prazo", disse Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.
De Checchi ressaltou que o otimismo das bolsas mundiais evitou até mesmo a queda do setor de matérias-primas na Bolsa do Brasil, apesar do recuo dos preços das mercadorias no mercado internacional. As ações da Vale e da Petrobras subiram 1,83% e 2,46%, nessa ordem.
No final da tarde, o preço de referência do petróleo caía 1,40%, com o barril do Brent cotado a US$ 90,34 (R$ 476).
O analista da Clear alerta, porém, que dados de inflação na zona do euro a serem divulgados nesta quarta (19) devem trazer volatilidade aos mercados.
O bom humor já havia retornado aos mercados globais após as fortes perdas da semana passada diante de dados pessimistas sobre a inflação nos Estados Unidos.
Também colaboraram com a melhora do ambiente de negócios nesta semana as declarações do novo ministro das Finanças do Reino Unido.
Jeremy Hunt descartou o plano econômico da primeira-ministra Liz Truss e reduziu o vasto subsídio de energia proposto por ela, lançando uma das maiores reviravoltas na política fiscal britânica de forma a conter uma dramática perda de confiança dos investidores (Folha de S.Paulo, 19/10/22)