Colheita de trigo deve recuar 83% na Argentina após seca
31/10/2022 - 08:12h
O fenômeno La Niña deve permanecer até fevereiro, e provavelmente será a pior safra em mais de uma década.
A produção de trigo no polo agrícola central da Argentina deve alcançar 1,34 milhão de toneladas, o que representaria uma queda de 83% em relação ao recorde do ano anterior, diante de uma seca prolongada que afeta o país, disse a Bolsa de Comércio de Rosário (BCR) nesta quinta-feira (27).
A região conhecida como “núcleo” produziu 7,82 milhões de toneladas de trigo na safra 2021/22, de um total nacional de 23 milhões de toneladas, segundo estimativas da entidade. A BCR considerou que a safra 2022/23 provavelmente será a pior em mais de uma década em um dos maiores exportadores de trigo do mundo.
“A área perdida sobe para quase 400 mil hectares”, disse o relatório, lembrando que o fenômeno climático “La Niña pode estar conosco até fevereiro”.
As duas principais bolsas de grãos da Argentina, em Rosário e Buenos Aires, cortaram repetidamente suas previsões de safra de trigo após meses de clima seco e geadas tardias.
A BCR estima uma colheita total de trigo de 13,7 milhões de toneladas.
“Desastre produtivo na região central: haverá 83% menos trigo do que no ano passado”, disse a BCR em seu relatório, acrescentando que, apesar de algumas chuvas benéficas recentes, as perspectivas de mais precipitações permanecem fracas.
O trigo sofreu o pior momento, passando por seu período crítico com extrema falta de água.
“Há lotes que já se perderam e outros que são difíceis de determinar… vemos as espigas verdes, mas os grãos não encheram mais de um quarto do seu peso final. Acho que não estão acabados. É uma situação que nunca vimos”, explicaram os técnicos citados no relatório.
Mercado de trigo
A redução da safra de trigo afetada pela seca é uma má notícia para os mercados mundiais, acentuados pela invasão russa da Ucrânia, países que são os principais produtores mundiais de trigo.
O Brasil, um dos principais compradores de trigo argentino, deve recorrer a outros fornecedores de fora do Mercosul, como Estados Unidos, Canadá e Rússia, em função dos problemas relacionados à colheita no país vizinho, conforme analistas ouvidos pela Reuters (Reuters, 28/11/22)