Estimativa de produção de cana no Brasil aumenta para 546,5 mi t, diz HedgePoint
19/10/2022 - 09:20h
A produção brasileira de cana-de-açúcar na temporada 2022/23 deve alcançar 546,5 milhões de toneladas, estima a HedgePoint Global Markets em relatório. O volume representa um aumento de 6,5 milhões de toneladas em relação à previsão anterior da companhia e se deve a maiores rendimentos dos canaviais, mesmo com o atraso na colheita e das chuvas.
A HedgePoint afirma, no entanto, que mantém uma visão “mais conservadora” e suas estimativas continuam abaixo da média do mercado, que espera produção de 550 milhões de toneladas para o ciclo.
A analista de Açúcar e Etanol da HedgePoint, Lívea Coda, explica que as chuvas recentes no Centro-Sul brasileiro e no norte da Índia aumentaram os temores quanto a um aperto de curto prazo na oferta, o que favoreceu a valorização do vencimento outubro do açúcar demerara na Bolsa de Nova York (ICE Futures US).
“No entanto, precisamos ser cautelosos e analisar números e previsões meteorológicas”, afirma. Segundo ela, um argumento para a revisão é o fato de que a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) “deixou clara sua expectativa” de que os rendimentos se recuperem de forma mais intensa do que previa inicialmente para a safra.
Coda ressalta que o mercado sucroenergético deve fechar o mês de outubro ainda com a oferta global apertada. Embora a moagem deva se recuperar nos próximos dias, ela espera que o litoral receba precipitações acima da média, o que dificultaria as exportações. Um embarque mais escasso “limita a disponibilidade no curto prazo e oferece mais suporte aos preços do açúcar”, explica a analista.
Já para novembro, a previsão de novas precipitações indica que ainda podem ocorrer interrupções na moagem em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, prevê a HedgePoint. “No entanto, ao olhar para a principal área de produção (São Paulo), as usinas podem estender sua janela de moagem até dezembro, já que as previsões são bastante favoráveis”, pontua a especialista.
A partir de novembro, ela também espera que a moagem e as exportações indianas retomem o ritmo, o que deve aliviar o aperto de curto prazo e resultar em um momento baixista para os preços em Nova York. “No entanto, para que o adoçante saia e flua nos fluxos comerciais, o mercado precisa pagar a paridade de exportação indiana”, ressalta Coda, lembrando que o mercado indiano depende que os preços estejam calculados entre 17,8 cents por libra-peso e 18,3 cents por libra-peso.