Índia conta com clima favorável e tecnologia do Brasil para atingir E20 até 2025
27/06/2022 - 15:43h
Eles estiveram no Brasil na última semana, em uma comitiva que veio a convite da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). O objetivo era conhecer o funcionamento de usinas de etanol e das fábricas montadoras com tecnologia para veículos híbrido-flex.
Embora seja o segundo maior produtor de açúcar do mundo, o país asiático ainda é incipiente na produção de etanol e não consegue converter parte considerável da cana-de-açúcar em biocombustível por defasagens tecnológicas. Desde 2019, a parceria com a Unica visa a fomentar o uso do biocombustível e a redução das emissões de carbono na atmosfera.
“Na Índia não chove tanto quanto no Brasil, então, dependemos das monções. Esperamos ter monções boas por muitos anos que possibilitem o fornecimento de etanol. Essa é uma grande questão”, definiu Prashnat Kumar Banerjee.
Na avaliação de Aditya Jhunjhunwala, a colaboração com o Brasil tende a ajudar nesse processo. “Os brasileiros foram muito transparentes na discussão, estão nos dizendo que problemas enfrentam e o que devemos fazer nesse tipo de situação. Assim, podemos pensar de antemão em soluções para alcançar o E20”, ressaltou o presidente da Isma.
Na atual temporada, a Índia produziu cerca de 40 milhões de toneladas de açúcar a partir da cana e direcionou 22,5 milhões de toneladas para o mercado interno. No início deste mês, o país atingiu, cinco meses antes do prazo, a meta E10, que visava a incorporar 10% de etanol à mistura da gasolina. Assim, 3,4 milhões de toneladas do adoçante foram convertidas na produção do biocombustível. Com a meta E20, a Isma estima que pelo menos 4,5 milhões de toneladas de açúcar sejam direcionadas à produção de etanol na atual temporada 2022/23.
Enquanto a Índia persegue a meta de dobrar o porcentual de etanol incorporado à gasolina em três anos, o porcentual obrigatório no Brasil é de 27% desde 2015. “Foi nesse contexto que decidimos visitar o Brasil. O Brasil vem fazendo isso há mais tempo e precisamos entender qual pode ser o melhor modelo a ser adotado na Índia”, explicou Aditya Jhunjhunwala. “Os indianos se apaixonaram pelo futebol brasileiro e agora é a hora de fazer uma nova amizade com o etanol”, acrescentou Prashnat Kumar Banerjee.
Nos últimos três anos, o Brasil estreitou essa parceria com os indianos, ressaltando os benefícios ambientais e socioeconômicos da produção e uso de etanol como fonte de energia renovável. No início deste ano, o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, esteve na Índia e se reuniu com o ministro do Petróleo e Gás Natural do país, Hardeep Puri.
Na ocasião, ambos se comprometeram a aprofundar a cooperação entre os setores privados sucroenergético e automotivo dos dois países. “Muitos dos fabricantes de automóveis brasileiros, como Toyota, Volkswagen, General Motors (Chevrolet) e Hyundai, estão operando na Índia. Então, a tecnologia está disponível e agora é só atingir as metas de forma sinérgica”, definiu o diretor-executivo da Siam.
Efeitos concretos da cooperação Brasil-Índia já são vistos no setor automotivo. No segundo semestre de 2022, a Índia iniciará a produção de carros com motores flex fuel – tecnologia brasileira que permite a utilização de 100% de etanol ou a mistura do biocombustível com o seu equivalente fóssil. O país asiático é o terceiro maior emissor de carbono do mundo e tem grande dependência do petróleo importado para abastecer o setor de transportes. No Brasil, a tecnologia flex fuel foi introduzida em 2003.
Gabriela Brumatti
Fonte: novacana