INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA E SETOR DEBATEM MOBILIDADE SUSTENTÁVEL
19/10/2020 - 10:42h
O futuro do setor automobilístico e as alternativas para uma mobilidade sustentável póspandemia foram tema da segunda edição do webinar “AutomotiveRestart”, parte do projeto de mesmo nome, realizado pela Bright Consulting. O evento, transmitido nessa quinta-feira, no YouTube, foi liderado por Ricardo Abreu e contou com a participação de Fernando Pfeiffer, gerente de produtos da Renault, Edson Orikassa, vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Evandro Gussi, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), e Lauro Elias, diretor de operações tecnológicas da Lactec.
O moderador do evento, Ricardo Abreu, mediou a discussão baseada na preocupação mundial em seguir um caminho mais sustentável. “Todos estão procurando a sua forma de combater o aquecimento global, que é a próxima pandemia da vez, e talvez de magnitude ainda maior do que esta que estamos enfrentando. Além disso, se tem uma preocupação muito grande com a segurança energética, a independência tecnológica, a criação de empregos, e o crescimento da economia como um todo”, disse.
Durante o debate, Evandro Gussi apontou que, para que as discussões em torno dos carros elétricos sejam verdadeiramente sustentáveis, é preciso levar em conta as emissões de gases de efeito estufa (GEE) do poço à roda, ou seja, de todo o ciclo de vida. “O debate correto pressupõe se estamos falando de sustentabilidade ou de resolver o problema da indústria automobilística, isso é o número um. Se é sobre sustentabilidade, o ciclo de vida não vai entrar nessa conta? Se entrar, temos que colocar nessa tabela e ver como um carro movido a etanol, sobretudo em uma solução híbrida, se comporta vis a vis com um carro a bateria”, disse.
Fernando Pfeiffer relembrou que os veículos elétricos já são realidade para a Renault, e também comentou sobre como a pandemia e as mudanças climáticas aceleraram a demanda por alternativas sustentáveis. “O mercado começou a reverberar e dar cada vez mais relevância para essa causa da sustentabilidade, e é algo que devemos nos apropriar, não só pela questão dos avanços tecnológicos, mas também pelo fundo social que carrega”.
Para Orikassa, uma das alternativas para a mobilidade sustentável é o etanol. “Na AEA apoiamos as iniciativas do governo para reduzir as emissões, como usar o combustível mais sustentável. Sabemos que o etanol é o combustível mais adequado para o Brasil, pois somos grandes produtores. A eletrificação é uma coisa que está por vir, porém acho que no Brasil não se pode falar só disso, se temos aqui um combustível sustentável que poderia ser expandido”, conclui.
Já na visão de Lauro Elias, o Brasil deve investir na chegada do carro elétrico, mas sem abrir mão de suas forças. “O Brasil tem força tanto do lado da geração de energia, que é baseada em fontes renováveis, quanto pelo lado do setor automotivo com o biocombustível. Esses são motivos de orgulho para o Brasil, e quando se fala de sustentabilidade é pouco aproveitado pelo país, como algo a ser comunicado para o resto do mundo”, avalia.
“A mobilidade do século 21 será plural, terá espaço para diferentes rotas tecnológicas”, comentou Gussi. “Temos três passos: o do presente, em que biocombustíveis desempenham um papel extremamente relevante e podem contribuir ainda mais com o país; o segundo passo, das soluções híbridas; e o terceiro, em que a gente coloca essa energia elétrica, produzida a partir de um biocombustível”, finalizou.