Indústria quer destravar acesso ao crédito
26/08/2020 - 08:27h
Imagem: ratmaner, de envatoelements
Não é novidade que o custo do crédito no Brasil é um dos mais altos do mundo. Seja pessoa física ou jurídica, todo mundo em algum momento já considerou escorchantes os juros do cheque especial, do cartão de crédito ou do empréstimo bancário. Esse cenário cria um problema a mais para o setor produtivo neste momento.
Empresas dos mais diversos segmentos, pequenas, médias ou grandes multinacionais, têm enfrentado barreiras quase intransponíveis para o acesso ao crédito, tão necessário para capital de giro e para manter as operações, neste cenário de pandemia e recessão. E não é diferente no mundo automotivo. Em toda a cadeia produtiva, os efeitos impostos pela quarentena para conter os estragos do novo coronavírus são significativos.
Em maio, a Anfavea apresentou ao governo uma proposta para destravar os empréstimos dos bancos ao setor, com juros menos exorbitantes. A ideia é que o BNDES receba como garantia os créditos tributários que as fábricas têm a receber de governos federal e estaduais. De acordo com a entidade, esse valor chega a R$ 25 bilhões. A justificativa é que as indústrias precisam de reforço no caixa, que sofre a queda do capital de giro, reflexo do período de paralisação das fábricas.
Esse pleito das montadoras é mais um exemplo de como o setor produtivo tem se organizado, na tentativa de desburocratizar e baratear o custo do crédito no Brasil. Algo emergencial, neste momento de tantas perdas.
O spread bancário médio no crédito livre passou de 28,9% em fevereiro, para 27,5% em março. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 12,0% para 11,3%, de acordo com o BC. Uma queda irrelevante, já que o Brasil tem a segunda maior taxa de spread do mundo. E a taxa de juros básicos da economia está em queda.
As cinco maiores instituições financeiras do Brasil – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander – concentram 80,7% das operações de crédito bancário no país. Essa concentração de recursos e a dificuldade para liberar crédito ao setor produtivo, joga contra a retomada da economia. O cenário exige mudança urgente.
fonte: A Tarde, escrita por Núbia Cristina