ISO projeta superávit de 4,15 milhões de toneladas de açúcar em 2022/23
27/02/2023 - 07:09h
Em sua primeira revisão para o balanço global de açúcar em 2022/23 (outubro a setembro), a Organização Internacional do Açúcar (ISO, na sigla em inglês) estima um superávit de 4,15 milhões de toneladas. O valor representa uma queda de 32,9% frente à projeção feita em novembro do ano passado, de 6,19 milhões de toneladas.
Agora, a expectativa da entidade é que a produção suba para um recorde de 180,431 milhões de toneladas. O montante está 4,6% acima dos 172,526 milhões de toneladas vistos em 2021/22, mas 0,9% abaixo da estimativa de novembro, de 182,142 milhões de toneladas.
Além disso, o consumo deve aumentar para 176,28 milhões de toneladas, ficando acima das 174,773 milhões de toneladas da última temporada e das 169,708 milhões de toneladas de 2019/20.
Com isso, a balança comercial projetada tem um superávit de 404 mil toneladas em 2022/23 e de 765 mil toneladas em 2021/22. Entretanto, os valores ainda estão sujeitos a ajustes, segundo a ISO.
“Nossa visão fundamental mudou de ‘neutra para baixa’ para ‘neutra’”, afirma a entidade. A alteração é justificada pelos preços de açúcar, que subiram em meados de janeiro, apoiados por especuladores que restabeleceram posições compradas.
“O mercado continua enfrentando um quadro de futuros em retrocesso; essa característica segue há mais de um ano. Isso atrai a oferta futura sempre que possível, sustenta uma estratégia especulativa de alta e domina o sentimento do mercado”, completa.
Etanol
A ISO também estima que a produção mundial de etanol em 2022 tenha atingido 109,4 bilhões de litros, ficando 4,6% acima dos 104,6 bilhões de litros em 2021. Para 2023, a expectativa é que produção cresça ainda mais, atingindo 111,8 bilhões de litros.
Por sua vez, a entidade calcula que o consumo de etanol totalizou 104,2 bilhões de litros em 2022. O valor representa uma revisão para baixo ante os 104,5 bilhões de litros projetados anteriormente.
“Espera-se que o consumo em 2023 suba para 106,9 bilhões de litros, impulsionado por aumentos na Índia, que, sozinha, deve contribuir com 864 milhões de litros para a contagem global”, afirma e completa: “O ambicioso programa de mistura de etanol da Índia deve atingir 12%, acima dos 10% de 2022”.
No Brasil, por sua vez, o aumento esperado é de 859 milhões de litros. “O fim da isenção de impostos federais sobre combustíveis no Brasil pode ajudar a estimular a compra adicional de etanol hidratado a partir de março, apesar da próxima temporada provavelmente continuar a se concentrar em açúcar”, segue.
A ISO cita também aumentos em outros países: Estados Unidos (267 milhões de litros), China (250 milhões de litros), União Europeia e Reino Unido (160 milhões de litros), Argentina (135 milhões de litros) e Tailândia (125 milhões de litros).
Melaço
Por fim, a organização também acredita que os fundamentos do melaço devam seguir apertados, apoiando os preços em 2023. Entretanto, tensões geopolíticas devem manter uma perspectiva volátil para este mercado. “Os fundamentos apertados podem diminuir no final de 2023 caso surja uma desaceleração na demanda de melaço”, observa.
Segundo a ISO, a produção global de melaço (excluindo o Brasil) deverá aumentar apenas ligeiramente em 2022/23, mas a disponibilidade para o mercado mundial será menor. “A atividade de exportação da Rússia provavelmente permanecerá restrita, embora não haja sanções específicas contra as exportações russas de melaço de beterraba”, explica.
A entidade ainda ressalta que a menor produção de melaço na Índia – derivada juntamente dos planos de aumentar a produção de etanol – reduzirá as exportações de melaço de cana. Ao mesmo tempo, Estados Unidos e União Europeia, que são os principais importadores deste produto, aumentaram os embarques em 2022.