Mistura de biodiesel no Brasil deve voltar a crescer, diz integrante da transição
25/11/2022 - 09:55h
A mistura de biodiesel no Brasil deverá voltar a crescer, retomando o cronograma de uma resolução do governo, para ficar acima dos 10% atuais definidos pela administração de Jair Bolsonaro, indicou nesta quinta-feira, 24, um integrante da equipe de transição.
Na última segunda-feira, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu manter a atual mistura de 10% de biodiesel no diesel até março.
Esse percentual de 10% vigorou durante 2022 por questões de preços da matéria-prima após uma quebra na safra de soja, embora o cronograma do programa indicasse 14% para a maior parte deste ano.
Segundo o senador Jean Paul Prates (PT-RN), da equipe de transição, a mistura de 10% estabelecida pelo governo atual será avaliada nos primeiros 90 dias do novo governo, e uma elevação poderia acontecer mesmo antes do final de março.
“Até 90 dias, o que não quer dizer que seja 90 dias, pode acontecer aos 60 dias, aos 65 dias”, disse ele a jornalistas.
A reafirmação pelo governo da mistura de 10%, que significa menos produção de biodiesel do que a indústria se preparou para fabricar, enfureceu o setor, que contava com 14% em janeiro e fevereiro e 15% já a partir de março, conforme resolução anterior do CNPE, de 2018.
“Nos 90 dias se discute isso”, disse Prates, ao ser questionado sobre B14 e B15. “Provavelmente voltar à escala de crescimento da mistura”.
Ele comentou também sobre uma orientação do CNPE para a admissão de outras rotas tecnológicas para integrar a mistura de biodiesel, como o HBIO, ou diesel R5 da Petrobras, obtido pelo coprocessamento de diesel com óleo vegetal.
“O que a gente não quer é ter eventualmente HBIO, eu acho que dá pra discutir as duas coisas, o HBIO ficar e o horizonte de crescimento (do biodiesel) voltar a ser o escalonado que estava programado”, acrescentou.
A admissão de novas rotas e a mistura menor enfureceram o setor de biodiesel, que afirmaram confiar no novo governo para reverter as decisões do CNPE.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, disse que estava preocupado sobre os rumos da política de biodiesel, mas que agora está “mais tranquilo”.
“Acho que, sobre a questão do biodiesel no governo de transição, eles têm uma boa percepção. Não é um assunto que eles não conhecem, não estão interessados. Pelo contrário”, destacou.