Mudança de política interna na China preocupa mais do que queda do PIB
18/01/2023 - 16:11h
A China vem sendo a maior propulsora da evolução da balança agropecuária nacional.
As exportações do agronegócio representaram 48% de toda a balança comercial brasileira de 2022, um percentual superior aos 43% de 2021.
A China vem sendo a maior propulsora da evolução da balança agropecuária nacional, sendo responsável por um terço das receitas que o Brasil obteve no ano passado.
A participação chinesa em 2022 foi menor do que a de 2021, mas essa queda teve vários motivos, que vão desde a política de Covid zero à menor disponibilidade de soja no Brasil para exportar.
Mesmo com a pandemia e uma evolução menor do Produto Interno Bruto (3% em 2022), o apetite chinês por produtos brasileiros não tem diminuído.
O país asiático vem mantendo importações de soja, de carnes, de celulose, de algodão e começa a importar milho do Brasil.
Daniele Siqueira, analista da AgRural, diz que o ritmo das compras chinesas tem muito a ver com a dinâmica do mercado do país asiático.
Os preços das commodities estão elevados, e a China altera algumas políticas de compras. As eventuais quedas em importações de soja ocorreram por questões que envolvem o setor de suinocultura.
Com a ocorrência da peste suína africana, e um consequente desmonte da produção interna chinesa por um período, houve uma redução no consumo de farelo de soja.
Para a analista, no entanto, no período da safra 2021/22 (de outubro de 2021 a setembro de 2022), a política de Covid zero, mudanças de hábitos de consumo e o PIB mais fraco influenciaram, embora em pequena escala. Houve de fato uma redução no consumo de carne suína na China, afirma.
O cenário para 2022/23, porém, é diferente do de 2021/22. Há expectativas de melhora na importação chinesa de soja, mas sem um aumento expressivo.
Independentemente da evolução do PIB, a analista alerta, contudo, para mudanças que ocorrem no mercado da China. A soja está cara, os chineses aprenderam a usar menos farelo na ração, e as importações da oleaginosa já não crescem como antes.
Para ela, "a China é um cliente importantíssimo para a soja do Brasil, e continuará sendo, mas já não podemos esperar que a sua demanda absorva todo o excedente de produção que vamos ter em anos de aumento de área e de safra cheia".
A área e a produção de soja aumentam ano a ano no Brasil, e o país precisa diversificar, buscando novos mercados e aumentando o esmagamento para consumo próprio ou exportação de farelo e de óleo, acrescenta ela.
Quanto ao milho, a China apenas começou a comprar o cereal do Brasil com maior intensidade a partir de dezembro. Essas compras deverão continuar durante este ano porque a Ucrânia, fornecedora para o país asiático e afetada pela guerra, tem pouca oferta.
Os chineses descobriram também as carnes brasileiras e passaram a ser o principal mercado para as proteínas nacionais. As carnes suínas e de frango não deverão ter grandes evoluções porque os chineses estão recompondo essas duas atividades, após a peste suína africana e a gripe aviária.
Já o apetite por carne bovina brasileira deverá continuar, devido à competitividade da proteína brasileira e à dificuldade chinesa em elevar a produção interna.
O alerta para esse setor, no entanto, fica por conta dos juros elevados e da retração da economia mundial. Eles podem afetar o emprego e a renda na China, o que dificultaria o acesso de mais consumidor à classe média.
Mesmo produtos não relacionados a alimentos, como a celulose, tiveram aumento de 19% no volume exportado em 2022. Já as vendas de algodão recuaram 10% em 2022, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) (Folha de S.Paulo, 18/1/23)
A China vem sendo a maior propulsora da evolução da balança agropecuária nacional.As exportações do agronegócio representaram 48% de toda a balança comercial brasileira de 2022, um percentual superior aos 43% de 2021.A China vem sendo a maior propulsora da evolução da balança agropecuária nacional, sendo responsável por um terço das receitas que o Brasil obteve no ano passado.
A participação chinesa em 2022 foi menor do que a de 2021, mas essa queda teve vários motivos, que vão desde a política de Covid zero à menor disponibilidade de soja no Brasil para exportar.
Mesmo com a pandemia e uma evolução menor do Produto Interno Bruto (3% em 2022), o apetite chinês por produtos brasileiros não tem diminuído.
O país asiático vem mantendo importações de soja, de carnes, de celulose, de algodão e começa a importar milho do Brasil.
Daniele Siqueira, analista da AgRural, diz que o ritmo das compras chinesas tem muito a ver com a dinâmica do mercado do país asiático.
Os preços das commodities estão elevados, e a China altera algumas políticas de compras. As eventuais quedas em importações de soja ocorreram por questões que envolvem o setor de suinocultura.
Com a ocorrência da peste suína africana, e um consequente desmonte da produção interna chinesa por um período, houve uma redução no consumo de farelo de soja.
Para a analista, no entanto, no período da safra 2021/22 (de outubro de 2021 a setembro de 2022), a política de Covid zero, mudanças de hábitos de consumo e o PIB mais fraco influenciaram, embora em pequena escala. Houve de fato uma redução no consumo de carne suína na China, afirma.
O cenário para 2022/23, porém, é diferente do de 2021/22. Há expectativas de melhora na importação chinesa de soja, mas sem um aumento expressivo.
Independentemente da evolução do PIB, a analista alerta, contudo, para mudanças que ocorrem no mercado da China. A soja está cara, os chineses aprenderam a usar menos farelo na ração, e as importações da oleaginosa já não crescem como antes.
Para ela, "a China é um cliente importantíssimo para a soja do Brasil, e continuará sendo, mas já não podemos esperar que a sua demanda absorva todo o excedente de produção que vamos ter em anos de aumento de área e de safra cheia".
A área e a produção de soja aumentam ano a ano no Brasil, e o país precisa diversificar, buscando novos mercados e aumentando o esmagamento para consumo próprio ou exportação de farelo e de óleo, acrescenta ela.
Quanto ao milho, a China apenas começou a comprar o cereal do Brasil com maior intensidade a partir de dezembro. Essas compras deverão continuar durante este ano porque a Ucrânia, fornecedora para o país asiático e afetada pela guerra, tem pouca oferta.
Os chineses descobriram também as carnes brasileiras e passaram a ser o principal mercado para as proteínas nacionais. As carnes suínas e de frango não deverão ter grandes evoluções porque os chineses estão recompondo essas duas atividades, após a peste suína africana e a gripe aviária.
Já o apetite por carne bovina brasileira deverá continuar, devido à competitividade da proteína brasileira e à dificuldade chinesa em elevar a produção interna.
O alerta para esse setor, no entanto, fica por conta dos juros elevados e da retração da economia mundial. Eles podem afetar o emprego e a renda na China, o que dificultaria o acesso de mais consumidor à classe média.
Mesmo produtos não relacionados a alimentos, como a celulose, tiveram aumento de 19% no volume exportado em 2022. Já as vendas de algodão recuaram 10% em 2022, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) (Folha de S.Paulo, 18/1/23)