O impacto do coronavírus na indústria
01/04/2021 - 08:36h
Desde o início da pandemia, o Brasil encontra enormes dificuldades no combate à covid-19. Perde-se um tempo precioso e vidas humanas no debate infrutífero entre aqueles que defendem a ciência, a vacina e o isolamento social e os que se apegam ao negacionismo explícito como se o vírus não existisse.
A polaridade posta entre a quarentena e a manutenção da atividade econômica, de fato, é falsa. Com isso, o País tornou-se o epicentro mundial da pandemia, com mais de 300 mil mortos, atendimento básico de saúde colapsado, vacinação lenta e ausência de uma rede de proteção social capaz de sustentar os vulneráveis durante a crise. E com o vírus circulando livremente e novas variantes agressivas surgindo, o Brasil virou uma ameaça global.
Além da saúde, a covid destrói também a economia. O Ciesp Campinas acaba de divulgar o tamanho do impacto desta tragédia sanitária. Em março, 41% das indústrias tiveram uma redução na produtividade, praticamente zerando o bom resultado verificado em janeiro e fevereiro, quando 47% das empresas registraram um crescimento no volume de produção. Com um aumento de 82% no custo das matérias-primas, retração do consumo e o fim do auxílio-emergencial, as indústrias tiveram que reduzir suas atividades.
Diante deste cenário, tenta-se vender o falso argumento de que a paralisia econômica decorre das medidas de quarentena. Obviamente, trata-se de um argumento descolado da realidade, seja de forma intencional ou não, porque todas as evidências mostram justamente o contrário: a queda brutal da atividade econômica é provocada pela crise sanitária que agora se transforma num flagelo, e não nas medidas de combate a ela.
A classe empresarial percebeu que é impossível trabalhar e produzir com o vírus circulando livremente e pessoas morrendo, muitas delas sem assistência médica adequada, por conta do colapso nos hospitais. Sem um plano de vacinação em massa e de manutenção por um bom tempo das medidas de isolamento social, não há salvação.
Mas nada é tão ruim que não possa piorar. Além das crises sanitária, econômica e humanitária, agora eclode uma turbulência política com os últimos acontecimentos ocorridos em Brasília com a troca de chefes militares. Que o bom senso, a tolerância e o espírito público prevaleçam neste momento de dor e sofrimento da população brasileira.
fonte: Correio