Potencial de crescimento traz otimismo ao setor bioenergético brasileiro
10/06/2024 - 16:03h
Fonte: https://jornalcana.com.br/
Fenasucro & Agrocana será realizada em meio a um mercado em expansão, que garante novas oportunidades e aumenta o protagonismo do país no uso da bioenergia
Com grande potencial para crescer, o setor bioenergético vive um momento de otimismo no Brasil. O país é uma potência em desenvolvimento neste mercado, com 49% de participação renovável na matriz energética, segundo a Associação da Indústria da Cogeração de Energia (COGEN). Este número é três vezes maior que a média mundial, demonstrando o protagonismo brasileiro no setor. Já na geração de energia elétrica, a participação renovável do Brasil é de 88%, enquanto a média mundial é de 30%.
É neste cenário otimista do setor que se posiciona a Fenasucro & Agrocana (Feira Mundial da Bioenergia). Em sua edição comemorativa de 30 anos – de 13 a 16 de agosto em Sertãozinho/SP -, a feira apresentará os principais avanços e novas tecnologias do mercado de bioenergia e espera superar a marca de R$ 8,3 bilhões em negócios.
Biocombustível é o futuroDe acordo com Talyta Viana, coordenadora regulatória da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), houve um crescimento deste biocombustível na matriz elétrica brasileira. Em 2015, o país produzia 73 toneladas do produto. Em 2022 este número saltou para 376 toneladas. Além disso, um levantamento da entidade indica potencial de 92 plantas de biometano mapeadas até 2029. “O mundo vive intensos impactos das mudanças climáticas. Por isso, precisamos dessa flexibilidade que acreditamos que o biogás tem dentro da matriz elétrica do país”, afirma.
Para Newton Duarte, presidente executivo da COGEN, a cana-de-açúcar representa a mais eficiente e promissora solução da cogeração. “Metade da energia utilizada no Brasil é renovável. Nenhum país do mundo chega perto dessa marca. Inclusive, a cana-de-açúcar é o segundo energético brasileiro. Por meio dela produzimos açúcar, etanol, etanol de segunda geração, bioeletricidade, biogás, biometano, SAF (combustível de aviação sustentável) e hidrogênio verde. Portanto, temos muito a nos orgulhar em relação à energia e ao mundo elétrico”, ressalta.
Constante expansão
O Brasil conta com 360 usinas de cana-de-açúcar, gerando 690 mil empregos diretos e 2,1 milhões indiretos, além de representar 2% do PIB brasileiro (com US$ 40 bilhões de receitas da cadeia de valor).
Segundo Renata Camargo, gerente de Sustentabilidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), o Brasil tem grandes números que sustentam seu protagonismo na produção de energia sustentável.
“Se olharmos as fontes renováveis na matriz energética, a cana-de-açúcar é a primeira em termos de representatividade. Ao todo, são produzidos 20,9 mil GWh de bioeletricidade, sendo que o setor é responsável por mais de 75% da geração de energia elétrica por biomassa”, detalha.
O etanol de milho é outra fonte vista pelo mercado como de grande potencial. Dados da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM) apontam que, nos últimos 10 anos, a safra do cereal saltou de 72,98 milhões para 113,45 milhões. Além disso, novas rotas de produção vão garantir ainda mais matéria-prima para fabricar o biocombustível.
Também é um setor em crescimento, com 23 biorrefinarias operando no país, além de outras nove com autorização de construção e mais 11 projetadas ou programadas para serem construídas.
Assim, Bruno Alves, diretor de Relações Institucionais e Sustentabilidade da UNEM, destaca o crescimento sólido e de maneira consistente deste biocombustível. “É um setor em constante expansão. O etanol de milho representa uma fonte de energia limpa, disponível, sustentável e economicamente viável. Vamos continuar tendo disponibilidade de matéria-prima, com projeção de 176,99 milhões de toneladas de milho a serem produzidos na safra 2032/33”, comenta.
Incentivo de consumo
O crescimento da indústria de bioenergia também passa pelo incentivo ao consumo e as novas perspectivas animam o mercado. Por isso, a InvestSP, Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade do Estado, busca formas de promover o setor.
Marília Garcez, diretora de Estratégia e Inteligência da InvestSP, explica que o governo estadual enxerga um enorme potencial na produção de biometano, por exemplo. Por isso, enviou para a Assembleia Legislativa um projeto de isenção do IPVA de caminhões pesados movidos a esse biocombustível e a gás natural. “Queremos incentivar um novo mercado consumidor e impulsionar políticas públicas para estimular nossas vantagens competitivas”, conclui.