Produção menor na Europa abre portas para o Brasil
31/03/2023 - 09:22h
Consumo de proteínas, no entanto, tem forte retração na União Europeia.
Os europeus divulgaram nesta quinta-feira (30) as projeções de curto prazo para grãos e carnes. Os números indicam oportunidades para o Brasil.
Afetada fortemente por um clima adverso, a produção de grãos da União Europeia recua para 266 milhões de toneladas em 2022/23, um volume 7% inferior ao da média dos últimos cinco anos.
O continente apresenta também redução na produção de proteínas, o que abre portas para o Brasil. Esse aumento, no entanto, é limitado.
Neste ano, os europeus vão consumir, pela primeira vez, um volume de carne bovina inferior a 10 kg por pessoa. Serão 9,9 kg.
Dados da Comissão Europeia indicam que o consumo de proteínas na União Europeia, consideradas as carnes bovina, suína, de frango e de ovelha, recuam para 65 quilos neste ano, 4,9 a menos do que há cinco anos.
Uma produção menor de grãos em 2022/23 força o bloco a importar 35 milhões de toneladas de cereais, 44% a mais do que na média dos últimos cinco anos. Já as exportações caem para 44 milhões, 8% a menos no período.
Para 2023/24, se o clima ajudar, a União Europeia espera uma recuperação da produção de grãos para 288 milhões de toneladas, 8% a mais do que a anterior. Com isso, o cenário para exportação e importação dos europeus melhora.
No setor de carnes, os desafios são um pouco mais complicados. As doenças que afetam o continente, como a peste suína africana e a gripe aviária, inibem a produção e afetam as exportações do bloco.
A produção de carne bovina recua 2% neste ano, obrigando os europeus a aumentar a importação da proteína da América do Sul. No setor de avicultura, a gripe aviária inibe a produção, que deverá crescer apenas 1%. Os preços internos sobem e dificultam as exportações.
Na avaliação da Comissão Europeia, as importações devem crescer 7% em 2023, e o Brasil, devido aos custos de produção mais favoráveis, ganha espaço, tanto na Europa como em outros mercados importadores.
A produção de carne suína dos europeus tem retração de 5% neste ano. A oferta restrita e os preços elevados dificultam as exportações, que recuarão 5%, segundo avaliação da Comissão Europeia.
A quebra de produção de grãos na Europa favorece a entrada de produto brasileiro no continente, principalmente o milho. Já as dificuldades no setor de proteínas forçam a Europa a importar mais e a deixar mais espaço para o Brasil em mercados ocupados por ela.
É o caso da China. Em 2022, os europeus exportaram 50% a menos de carne suína para os chineses devido à peste suína africana no continente. Neste ano, a queda continuará.
A peste suína africana está presente tanto na Europa como na China. No país asiático, os focos aumentaram muito a partir de 2018. Controlados parcialmente nos últimos anos, começam a reaparecer.
O agravamento da doença forçará a China a importar mais do Brasil, uma vez que os europeus têm volume menor para exportar (Folha de S.Paulo, 31/3/23)