Retomada de atividades deve se dar por fases como em 2020
01/04/2021 - 08:40h
Uma retomada das atividades econômicas em quatro ou cinco fases, tal como ocorreu entre junho e setembro de 2020, é o que deve ocorrer novamente no Ceará em 2021, possivelmente a partir da próxima segunda-feira, 5 de abril.
O POVO consultou fontes do governo e do setor produtivo sobre as expectativas para o processo de reabertura que deve começar 23 dias após ter sido decretado um lockdown em todo o Estado (31 dias no caso de Fortaleza), como consequência do agravamento da pandemia de Covid-19.
De acordo com o diretor-geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), João Mário Santos de França, o início da reabertura será definido com base na melhora dos indicadores sanitários no Estado, desde que haja redução ou pelo menos estabilização dos números de novos casos e óbitos decorrentes da doença.
"Com relação à questão da retomada em si, o plano deve acompanhar mais ou menos o que já foi implementado no ano passado. Claro que, após um ano de pandemia, a gente já aprendeu novas coisas", pondera França. Ele cita, por exemplo, o que ocorreu quanto às atividades da indústria e da construção civil. Em 2020, no primeiro lockdown, esses setores foram considerados não essenciais, mas não em 2021.
O diretor-geral do Ipece classificou como de importância fundamental que não seja feita uma reabertura abrupta. "Caso isso ocorra e os níveis de contaminação subam de novo, ficaremos nessa coisa de abre e fecha. No plano implantado ano passado, o processo funcionou muito bem", analisa. França acrescenta que "as novas discussões estão sendo feitas em sintonia fina com cada setor e incorporando informações sobre cada atividade".
Ontem, o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Maurício Filizola, se reuniu com o secretário executivo de Planejamento e Orçamento da Secretaria de Planejamento e Gestão do Ceará (Seplag-CE), Flávio Ataliba, para reforçar algumas propostas do segmento para a retomada. Novas reuniões entre governo e setor produtivo estão previstas para acontecer entre hoje,31, e amanhã, 1º de abril.
"Mostramos os pontos que defendemos, fizemos alguns alinhamentos em relação aos horários de entrada e saída de cada atividade e devemos ter ainda mais uma reunião. Ficamos, também, na torcida para que os números da saúde colaborem para que a gente possa, na segunda-feira, 5 de abril, retomar as atividades do comércio", relatou Filizola.
Expectativa semelhante tem o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojista (CDL) de Fortaleza, Assis Cavalcante. "Deve ser parecido com 2020. Não tem muito o que inventar. O comércio de rua deve abrir às 9h e fechar às 16h. Já os shoppings abririam às 12h e fechariam às 20h. Quanto aos protocolos, é reforçar o que a gente vem fazendo", resume.
Representado um setor bastante afetado pela pandemia, Taiene Righetto, presidente da Associação Brasileira dos Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), lembrou que a entidade e o governo do Estado vão implantar o "Selo Lazer Seguro" no pós-lockdown para estabelecimentos que sigam os melhores protocolos de prevenção à Covid-19.
Righetto teme, contudo, que um eventual novo adiamento da retomada possa impactar em uma onda de demissões e falências expressiva. Ele estima que até 73% do setor deve começar a demitir já na próxima semana e 80% não têm recursos para honrar a folha de pagamento de abril.
"Estamos em uma situação dramática porque, além do fechamento, não veio, ainda, a ajuda da suspensão de folha de pagamento que imaginávamos", disse o presidente da Abrasel-CE em referência ao pacote de apoio às empresas implementado em 2020 pelo governo federal.
fonte: O Povo, escrita por Adriano Queiroz