Usinas de cana estão de olho no clima para fevereiro e março
24/01/2023 - 08:29h
A chuva registrada nas cidades produtoras de cana-de-açúcar do estado de São Paulo tem favorecido a cultura. Por outro lado, os dias consecutivos sem radiação solar, ou seja, com o predomínio de nuvens sem a presença do sol por várias horas do dia podem interferir no teor de dulçor da planta que está no canavial.
“O sol também é essencial para o desenvolvimento da cana porque colabora com o processo de maturação”, explica o engenheiro agrônomo da Coopercitrus de Sertãozinho (SP), Rodrigo Ortolan.
O alto volume de precipitação tem dois lados para a cultura da cana: ao mesmo tempo em que favorece a produtividade da lavoura, o excesso de chuva pode resultar em uma cana-de-açúcar menos doce e mais custo para a usina.
“Cana gosta de chuva e água no solo para produzir bem e desenvolver uma boa quantidade de toneladas de cana por hectare. Quanto maior essa produção de cana por hectare e horas de sol suficiente no processo de maturação, o acúmulo de açúcar vai ser grande. A falta de luminosidade nesta fase impacta lá na frente (corte e colheita) em um teor de açúcar menor”, relata o engenheiro.
Tendência do clima
O mês de janeiro está sedo marcado por um alto volume de chuva. Em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, onde há um polo canavieiro muito importante, o volume de precipitação de 1º de janeiro até às 7h da última sexta-feira, 20, alcançava aproximadamente 270 milímetros. Os dados são do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (Ciiagro).
No final de semana (21 e 22 de janeiro), a chuva aumentou sobre áreas produtoras entre São Paulo, Minas Gerais, norte de Mato Grosso do Sul e Goiás, devido a atuação de um ciclone próximo a costa do Sudeste que organiza a umidade e as instabilidades mais intensas sobre estes estados. Nestas áreas pode chover mais de 70mm.
Em Mato Grosso, as chuvas devem ocorrer na forma de pancadas isoladas e com volumes moderados entre 30 e 50mm. Já no Sul do Brasil, as chuvas devem ocorrer na forma pancadas moderadas no norte paranaense, enquanto nas demais áreas são esperados episódios muito esparsos e no sul e oeste gaúcho o tempo seco vai predominar.
De acordo com a meteorologista Nadiara Pereira, as condições do clima se mostram favoráveis para a próxima safra, que deve ser colhida a partir de meados de março ou abril. Há uma expectativa de um outono mais seco que deve beneficiar o corte da cana de açúcar no centro-sul do Brasil.